Literatura em Libras

de Rachel Sutton-Spence

Parte 3 - Elementos de linguagem estética


19. O humor em Libras

objetivo

19.1. Objetivo

Em um capítulo anterior, tratamos do conteúdo do humor. Neste capítulo, no contexto de linguagem estética, falaremos do humor em Libras cujo impacto ocorre primeiramente em função da forma da linguagem. Isto é, se o humor for expresso de qualquer outra forma, ele se perde. Vamos focar especificamente em três áreas que geram risos em Libras: a imitação de pessoas, de animais e de objetos; os jogos com a estrutura interna dos sinais; e o humor bilíngue, que mescla português e Libras (KLIMA; BELLUGI, 1979; MORGADO, 2011; BOLDO, SUTTON-SPENCE, 2020).

O humor se encontra em todos os gêneros de literatura em Libras (poesia, histórias e teatro). Entender os seus embasamentos na língua de sinais ajuda-nos a compreender esse elemento fundamental da literatura. No humor visual, a Libras e os gestos se encontram e trabalham em conjunto. Os elementos da Libras, tais como classificadores e incorporação com expressão facial e outros não manuais exagerados criam o humor. Muitas vezes, este é baseado na presença de “espírito” ou na originalidade da representação e da incorporação.

lista de vídeos

Para explorar o humor em Libras, vamos usar as seguintes produções:

19.2. Tipos de humor em Libras

Morgado (2011) descreveu cinco formas de humor em LGP, a língua de sinais de Portugal:

  1. imitações de filmes, de pessoas, de animais e de objetos apresentados por expressões faciais e corporais;
  2. jogos de linguagem, geralmente contos curtos que brincam com formas de mão, especialmente o alfabeto manual ou números;
  3. jogos com movimento;
  4. jogos de linguagem sobre tópicos tabus; e
  5. piadas, desenhos animados e anedotas humorísticas.

No capítulo 07, vimos as narrativas de ABC e, no capítulo 12, falamos das piadas e anedotas humorísticas. Aqui, vamos pensar sobre as imitações e os jogos de linguagem que brincam com os parâmetros dos sinais.

No humor das línguas faladas não é muito comum se criar palavras (embora esse tipo humorístico exista) mas, nas línguas de sinais, a habilidade de inventar sinais visuais apropriados é altamente valorizada. Entre os jogos de Libras com os parâmetros fundamentais dos sinais (configuração de mão, locação, movimento, orientação da mão e elementos não manuais), os mais importantes para o humor são os de configuração de mão e os de elementos não manuais. Ainda precisamos de muito mais pesquisas sobre o humor em Libras, mas já há investigações em outras línguas de sinais que podem contribuir com os estudos do humor na língua brasileira de sinais.

19.3. Imitações

Morgado (2011) descreve a primeira categoria de humor como “imitações de filmes, pessoas, animais e objetos apresentados através de expressões faciais e corporais”. A imitação e a incorporação são fundamentais ao humor em Libras. O humorista britânico Hal Draper falou sobre as imitações quando afirmou:

Eu acho que o fundamental é combinar os sinais com a expressão facial, o movimento do corpo e a maneira em que as pessoas surdas podem se transformar em uma coisa. No humor dos ouvintes, eu acho que a ênfase é baseada nas palavras em inglês, mas para os surdos está relacionada à incorporação, expressão facial e coisas desse tipo. (comunicação pessoal, 2005, tradução nossa)

Falando de humor e de risos em geral, o filósofo francês Henri Bergson afirmou:

Suponhamos agora ideias expressas no estilo que lhes convém e encaixadas assim no seu ambiente natural. Se imaginamos um dispositivo que lhes permite serem transpostas a um novo ambiente, conservando as relações que mantêm entre si, ou, em outras palavras, se as levamos a se exprimir em estilo inteiramente diferente e transpostas em tonalidade diferente, será então a linguagem que estará produzindo a comédia, ela é que será cômica (BERGSON, 1924, tradução da edição de 1983, p. 59).

Por isso Bergson criou uma regra geral: “Obteremos um efeito cômico ao transpor a expressão natural de uma ideia para outra tonalidade” (grifos no original, BERGSON, 1924, tradução da edição de 1983, p. 59)

Isso é o que acontece nas incorporações humorísticas dos artistas e humoristas surdos em Libras. O humorista escolhe uma perspectiva nova e inesperada de uma coisa familiar e bem conhecida para gerar a risada por apresentá-la dentro do novo contexto do seu corpo. Como vimos no capítulo 17, na discussão sobre antropomorfismo, Bergson observa que as coisas não humanas não geram risadas em si, mas rimos se detectarmos algum elemento humano no não humano. Quando o artista apresenta características não humanas em Libras por meio de suas próprias características humanas, a atitude ou a ação humana se torna cômica. Lembremos da bola de golfe incorporada por Stefan Goldschmidt, que é engraçada por expressar emoções humanas. Bergson declara outra regra: “RIMO-NOS SEMPRE QUE UMA PESSOA NOS DÊ A IMPRESSÃO DE SER UMA COISA”. (grifos no original. BERGSON, 1924, tradução da edição de 1983, p. 30)

É por isso que o antropomorfismo gera tanta risada em Libras.

19.4. Criatividade conceitual

Antes de mais nada, no humor em Libras a pessoa precisa decidir qual aspecto de uma imagem visual apresentar e alterar. Um exemplo seria escolher uma perspectiva diferente de uma imagem com a qual todos já estão acostumados e criar um desvio dessa normalidade. Começa-se com questões que nunca pensamos em perguntar: o que aquele homem tem dentro da sua pasta que não é papel? Se eu tivesse apenas 10cm de altura, como seria a minha vida? Se aquele animal pudesse sinalizar, como faria? Se um queijo fosse surdo, como se comportaria?

No poema Cinco Sentidos, traduzido para Libras por Nelson Pimenta, vemos a resposta à pergunta “Se os sentidos fossem humanos, como eles seriam?”. No poema Tree, de Paul Scott, e nas versões Saci, de Fernanda Machado, e Árvore, de André Luiz Conceição, perguntamos “Se a árvore fosse humana, como seria?”. A pergunta em Um Morcego Surdo no Busão, de Marina Teles, é “Se um morcego pegasse um ônibus, o que aconteceria?”

Chamamos essa imaginação de “espírito”. Para falar do assunto inesperado, o sinalizante seleciona construções de classificadores inesperadas (mas ainda assim lógicas) para representá-lo. Ele irá trabalhar com a expressão facial, frequentemente exagerada, e deve criá-la para objetos ou animais que normalmente não têm expressões faciais. O sinalizante permite ao público achar graça da “lógica do absurdo” em que existe um mundo no qual a maioria das coisas é como no nosso mundo, mas uma coisa é diferente. Isso significa dizer que o público aceita algumas mudanças de realidade e outras não. Aceita que um relógio possa sinalizar, dentro do contexto do humor, mas não que o relógio tenha quatro ponteiros. Uma tartaruga pode conversar em Libras, mas ainda é lenta e pesada e não pode pular e correr como uma lebre. Lembramos que Bergson explica que a transferência gera risos quando levamos uma coisa para um novo contexto e repetimos o evento original nele. O equilíbrio entre manter os elementos principais e mudar apenas o que for necessário no novo contexto para gerar o riso faz parte do “espírito”.

Por isso vemos o humor na interação entre os pássaros em Voo sobre Rio, de Fernanda Machado. Eles se comportam da maneira típica dos pássaros, mas também mostram comportamentos humanos dentro das formas dos bichos. Ver a mão sinalizar que o macho come o grão com o bico, mas ver no mesmo momento a incorporação no rosto humano cria um choque entre o mundo das aves e o mundo dos humanos que é engraçado. Outro “espírito” que gera humor no poema acontece no abraço dos pássaros. Já nos acostumamos à ideia de que cada ave é representada pelo classificador de média-distância com o antebraço e a mão fechada na forma de um bico, mas quando eles se abraçam, os dois classificadores criam a forma de um coração. O prazer em ver a imagem e entender que é feita pelos dois classificadores sempre gera risadas.

19.5. Expressão facial e movimentos corporais exagerados

Vemos frequentemente o uso de exagero no humor em Libras. Quando ele acontece, sugerimos que alguma coisa ou qualidade é mais do que ela na verdade é. Podemos exagerar uma coisa para ela ser grande demais, ou o tamanho pequeno pode ser exagerado para algo parecer ainda menor. Bergson observa que a transposição de um conceito para outro ambiente pode envolver uma mudança de escala, especialmente de pequena à grande, e isso é o uso do exagero. Quando o exagero for especialmente algum tipo de distorção daquilo que é normal, o resultado frequentemente é cômico.

Falar das pequenas coisas como se fossem grandes é, de modo geral, exagerar. O exagero é cômico quando é prolongado e sobretudo quando é sistemático: de fato, é o caso quando surge como processo de transposição. Faz rir tanto que alguns autores chegaram a definir o cômico pelo exagero (BERGSON, 1983, p. 60).

Geralmente, os sinais humorísticos mostram elementos maiores e são feitos com movimentos ampliados e mais fortes. Sinais maiores criam um efeito cômico do qual o objetivo é exagerar ou caricaturar, expandindo uma distorção para torná-la mais saliente.

Sinais menores também criam humor ao se reduzir um aspecto de algo, depreciar alguma coisa ou diminuir seu poder através do ridículo ou da incongruência. Tudo isso acontece pelo processo de “inversão” descrito por Bergson. O que foi grande agora parece pequeno e, portanto, é bem-humorado. Veremos isso nos sinais de vocabulário, ainda neste capítulo.

Esse exagero é tão comum nas peças cômicas que quase todas elas têm exageros de alguma forma. Destacamos alguns exemplos: nas histórias Um Morcego Surdo no Busão e A Vaca Surda de Salto Alto, de Marina Teles, a expressão facial é intensificada especialmente para divertir o público infantojuvenil. Na história de Rodrigo Custódio da Silva, Eu x Rato, a expressão facial e os movimentos são exagerados para criar mais humor quando o narrador explica que não pode alcançar o pau para matar o rato e quando o bicho pula perto do rosto do personagem depois de ter seu rabo liberado. No poema , de Nelson Pimenta, o movimento dos sinais é exagerado e a expressão facial é muito maior do que o normal, ainda mais intensificada pela proximidade da câmera. No poema de perspectiva , de Anna Luiza Maciel, as expressões faciais e os movimentos do corpo são exagerados. Vemos isso também em , de Rimar Segala, na descrição exagerada dos dois jogadores e ainda em A Pedra Rolante, contada por Sandro Pereira.

O exagero pode ser acompanhado por sinais mais lentos. Eles podem também ser realizados lentamente para que o público tenha tempo de apreciar a sinalização exagerada e engraçada. A sinalização em câmera lenta é também uma fonte de entretenimento. Embora sintamos a dor da , rimos ao ver o jogo em câmera lenta, com a expressão não manual e o movimento da cabeça exagerados.

A caricatura é um tipo de exagero que dá ênfase aos aspectos visuais de uma pessoa, muitas vezes com a intenção de zombar. Isso acontece, por exemplo, com o rosto ou outra parte do corpo, ou, ainda, pode ser uma imitação exagerada do jeito que uma pessoa sinaliza, fala ou se move. Pode-se exagerar suas roupas, em acessórios ou qualquer outro elemento visual do seu comportamento. Vemos caricatura em personagens de profissionais familiares às pessoas surdas (tais como médicos, professores, assistentes sociais e pessoas ouvintes em geral), ou de qualquer pessoa ou coisa.

No entanto, devemos lembrar que o exagero em si não é cômico. Por exemplo, nos contos , de Aulio Nóbrega, e em Galinha Fantasma, de Bruno Ramos, os movimentos do corpo e a expressão são exagerados, mas com o objetivo de criar uma sensação de medo e não de causar o riso. Para criar um efeito cômico, ele precisa enfatizar a incongruência, ou os elementos de algum tipo de distorção, transposição ou inversão descritos por Bergson.

No exagero, a incorporação e o uso criativo de classificadores são muito importantes. Hal Draper afirmou:

Lembro de um amigo vindo para a Associação de Surdos numa noite em que estava nevando. Ele disse que estava caminhando para a Associação e uma pessoa estava atrás dele e tinha escorregado e caído. Se eu estivesse falando e contando isso a você, você pensaria “OK e daí?”. Mas a maneira como ele explicou com os classificadores, o movimento corporal e a expressão facial de andar feliz e descuidado, conversando e brincando sobre ir à Associação, tomando uma cerveja e vendo o homem andar e escorregar e cair bruscamente, aquilo foi muito impressionante para mim, porque eu pude realmente me colocar no lugar do homem’ [sinalizou literalmente “ter empatia” a fim de expressar “trocar de sentimentos com ele”]. É tão fluido e expressivo!”. (HAL DRAPER, comunicação pessoal, março de 2005, tradução nossa)

Exageramos também os personagens não humanos. Já falamos do antropomorfismo em Libras (no capítulo 17). Vimos que valorizamos as habilidades de mostrar animais e objetos (como avião, árvore ou celular) como se fossem humanos em Libras e, muitas vezes, as características são exageradas. As expressões faciais que apresentam as reações e o comportamento desses objetos não humanos fazem parte do humor em língua de sinais. E a graça de ver o desconhecido se tornar familiar (ou o familiar se tornar desconhecido?) é o que faz ficar engraçado.

19.6. Estrutura interna do sinal

Um tipo de humor em Libras brinca com a estrutura do sinal, alterando um parâmetro e mantendo os outros. Esse tipo de humor revitaliza os parâmetros no sinal de maneira original e significativa. “Revitalizar” significa que o parâmetro já tem um significado, que é originalmente icônico, mas que ninguém presta mais atenção a ele (veja no capítulo 04, em que Cuxac e Sallandre, 2008, falam de intenção ilustrativa). Quando uma pessoa está resfriada e espirra, sinalizamos saúde! Esse sinal tem configuração de mão, movimento e locação convencional, motivados historicamente pelo fato de o médico fazer exames com um estetoscópio no peito do paciente. Mas, sinalizar saúde!, mantendo todas as estruturas habituais, porém com a locação no nariz e não no peito, revitaliza o sinal saúde, porque agora a saúde tem seu foco no nariz. Embora o médico não coloque o estetoscópio no nariz, o humor vem do novo lugar com o novo sentido saúde-do-nariz.

19.6.1. Configuração de mão

Existem muitos exemplos de mudança de configuração de mão de um sinal para revitalizar o sentido do parâmetro. Lembramos que o humor muitas vezes é criado pelo exagero do tamanho. Podemos brincar com o número de dedos na configuração de mão para mostrar que quanto mais dedos forem usados para articular o sinal, maior a sua intensidade. Sabemos que os sinais difícil e ponto-de-interrogação são feitos com um único dedo, mas, quando são realizados com quatro dedos, mostram que algo é muito difícil ou gera muitos pontos de interrogação, respectivamente (com o significado “esta é uma questão importante e problemática”). O sinal paciência é feito com dois dedos, mas para mostrar muita paciência humoristicamente, utilizamos todos os dedos, o que dobra o tamanho do sinal e assim “dobra” a paciência (Figura 6).

Paciência (citação e exagerado)

Figura 6: Paciência (citação e exagerado)

Podemos brincar também com a configuração de mão para a redução exagerada de sinais. O sinal aplauso em Libras é apresentado ao bater palmas ou acenar com as mãos. Para aplaudir um pouco, o sinalizante pode simplesmente bater os dedos mindinhos ou acenar com eles (Figura 7). Uma pessoa sinalizou puxando dois fios de cabelo da cabeça e tocando-os delicadamente juntos, criando aplausos muito pequenos. Para que isso tenha um efeito máximo, o movimento do sinal também deve ser reduzido e a expressão facial deve mostrar a ideia de redução. O sinal entender é feito com todos os dedos. Para sinalizar que se entendeu só um pouquinho, pode-se usar o dedo mindinho, mantendo os outros parâmetros.

Aplauso (citação e exagerado)

Figura 7: Aplauso (citação e exagerado)

As diferentes partes da mão podem representar diferentes pontos de articulação. O sinal ocupado é feito com dois dedos em “V”, no local da garganta. Para exagerar e dizer que realmente se está ocupado – é impossível interromper – é possível utilizar duas mãos em contato com a garganta. Mas podemos reduzir o sinal humoristicamente também. As pontas dos dedos de um “V” em garras podem contatar o polegar da mesma mão, mostrando que alguém está ocupado, mas a pessoa não sente muito por isso. O polegar representa a garganta para reduzir o tamanho do sinal. A expressão facial que acompanha o sinal também mostra que a pessoa não está muito incomodada (Figura 8).

Ocupado (citação e exagerado)

Figura 8: Ocupado (citação e exagerado)

19.6.2. Locação

Já vimos que a nova locação do sinal saúde pode gerar humor. O sinal entender feito na barriga pode mostrar que, embora a cabeça não entenda que não possa comer mais, a barriga entende.

A mudança da locação também pode fazer parte das brincadeiras de exagero. Por exemplo, uma aluna diz deve ir para uma sessão de orientação com seu orientador. O sinal orientação usa a borda fina da mão aberta com os dedos retos (configuração de mão chamada “B”) na mão passiva. Um amigo brinca com ela e observa que a aluna recebe muita orientação (talvez mais do que seja o normal). Uma maneira não humorística de expressar isso seria aumentar o tamanho e o número dos movimentos da mão ativa. O humorista, no entanto, usa a mesma configuração de mão e movimento, mas usa todo o antebraço como base para fazer um sinal que significa muita-orientação. A aluna responde que, uma vez esclarecida sobre como fazer seu trabalho, precisará de pouca orientação, agora usando apenas o mindinho como articulador de base. Nesse exemplo, o tamanho do articulador e o tamanho do movimento ao longo da mão base criam a brincadeira com os sinais, e a expressão facial exagerada de “muito” ou “um pouco” aumenta o humor (Figura 9).

Orientação (citação e exagerado maior e menor)

Figura 9: Orientação (citação e exagerado maior e menor)

19.7. Humor bilíngue

Traduções por empréstimo podem fazer parte de jogos linguísticos bilíngues. O objetivo é transpor a palavra em português para o novo contexto, mantendo o significado superficial de partes do vocábulo, mas perdendo o significado certo durante a tradução. O espírito está na criação de uma palavra ridícula e absurda, também no prazer e na satisfação de resolver o enigma. Podemos dividir a palavra “salmão” em duas palavras “sal” e “mão”, mesmo que não façam sentido no vocábulo. A tradução para os sinais sal e mão é absurda no contexto da nova língua, e o público vai rir porque os sinais e as palavras têm uma ambiguidade que não combina com o original. “Já pão” sinalizado como e pão pode significar que a pessoa já fez alguma coisa com pão, mas podemos retraduzir os sinais para criar a palavra “Japão”, que não é o sinal original japão.

A palavra “absurdo” pode ser sinalizada com as letras “A” e “B” como sinal de surdo. Podemos criar uma sobreposição das configurações de mão em uma nova locação no sinal “surdo”, com A na orelha e B no queixo.

As brincadeiras até podem entrar na Libras como vocabulário convencional. Viracopos (a cidade no estado de São Paulo) gera um sinal complexo no conceito de tradução, em que o sinalizante literalmente pode virar o sinal copo.

resumo

19.8. Resumo

A pesquisa sobre o humor em Libras é ainda incipiente, mas o uso dos recursos humorísticos na comunidade surda já é bem estabelecido. Vimos que o humor surge ao se “transpor a expressão natural de uma ideia para outra tonalidade”. A seleção de uma imagem desconhecida de algo já conhecido e familiar é o início de muito humor. Sobre o humor em relação ao antropomorfismo, Bergson afirma que “Rimo-nos sempre que uma pessoa nos dê a impressão de ser uma coisa”. O exagero é uma parte importante do humor; ao selecionarmos uma característica de uma pessoa ou coisa e distorcê-la, invertemos o mundo que conhecemos para que o pequeno vire grande e o grande vire pequeno. Vimos esses princípios básicos nas principais fontes de humor em Libras que destacamos aqui – as imitações, o exagero, os jogos linguísticos e o humor bilíngue.

atividade

19.9. Atividade

Assista aos vídeos:

Nesses vídeos, onde está o humor nos sinais?